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Valterlucio Campelo: Uma aliança para a vitória e um candidato “sem padrinhos”

Para desespero de alguns e alegria de outros, o Governador Gladson Cameli sacramentou com a nomeação do médico Fábio de Rueda, a aliança do Partido Progressista com o Partido Liberal e o União Brasil (outros o seguirão), para composição da chapa que concorrerá à prefeitura de Rio Branco neste ano. Como consequência, o bom Alysson Bestene será indicado como candidato à vice e, assim, a reeleição do prefeito Tião Bocalom recebe uma injeção que pode ser decisiva.

Nos últimos meses essa novela mudou de roteiro algumas vezes, mas não de roteirista. Para descontentamento dos apoiadores do petista Marcus Vianna hospedado no MDB, o PP, que de esquerda não tem nada (ou tem?), resolveu a partir da base afirmar seu ideário conservador e sua identidade nacional, e seguir a base ao invés de cair no canto da sereia tocado por certa militância esperta nos corredores e na mídia. Não sabemos se o roteirista já tinha o final escrito ou se foi levado pela dinâmica das personagens, o certo é que prepara um final feliz com a vantagem de ter operado às claras, sem acordos de bastidores.

É interessante notar que, sendo um partido tradicionalmente conservador, o PP, herdeiro legítimo da velha ARENA, tenha sido durante todo esse tempo, alvo do assédio do lulopetismo acreano configurado no casamento MDB-PT, ao ponto de causar fissuras internas no agrupamento governista somente contornadas pelo próprio governador em decisão recente. Frustrada a expectativa, os lulopetistas já se apresentam ressentidos menosprezando a importância do PP, do Governador e do próprio Alysson nas eleições.

Fortalecida a candidatura do bolsonarista Tião Bocalom, o lulopetista Marcus Viana terá que se haver com os seus semelhantes, digo, a esquerda tradicional – PC do B, PSB, Psol, REDE e outros que em todo o Brasil compõe o elenco coadjuvante do PT. Isto, aliás, está criando um problema, já que para disfarçar o vermelhão da chapa, o próprio Marcus anda pedindo nomes conservadores, reconhecidos na sociedade como referência de direita. Como “para ganhar, fazemos qualquer negócio”, os sócios não reclamam.

Paradoxalmente, o lulopetista Marcus Vianna e seus apoiadores, sejam políticos, sindicalistas, ou mesmo jornalistas, insistem na cantilena de que esta é a “eleição do buraco” e que não interessa se o sujeito tem preferência ideológica. Ora, se é assim, por que raios não chama algum luminar do PSol? Na UFAC deve haver uma centena deles.

De tanto ouvir essa lorota desideologizante, me dei ao trabalho de verificar numa pesquisa recente, realizada em Rio Branco pelo Instituto DATACONTROL, devidamente registrada, portanto, idônea até que se prove o contrário, e achei um negocinho bem interessante. Nada menos que 37,4% dos entrevistados disseram que o apoio de Bolsonaro influenciaria seu voto em determinado candidato. A influência positiva de Lula é de 10,4%. Em sentido contrário, o apoio de Lula faria 25,3% do eleitorado desistir do candidato. A influência negativa de Bolsonaro é de 14,5%. %. O apoio de Gladson Cameli faria 30,1% do eleitorado tender a votar em um determinado candidato e 11,3% faria desistir. O abraço de Jorge Vianna anima 20,6% e derruba 24,4%. Vejamos no quadro abaixo.

Entenderam a causa do empenho em promover uma campanha “do buraco”, sem debate político, sem ideologia, só pela simpatia do candidato? Vou explicar o desenho para os renitentes. O apoio de Bolsonaro tira 14,5%, mas põe 37,4%; o apoio do Gladson tira 11,3%, mas põe 30,1%. Já o lulopetismo mais tira do que põe. Lula tira 25,3% e põe apenas 10,4%; o Jorge Viana tira 24,4% e põe apenas 20,6%.

Pois bem. Depois de consultar o bom senso e ver esses dados, é possível honestamente dizer que os apoios não têm importância, que o voto é exclusivamente no candidato? Não creio. Outra balela mais recente é de que o candidato a vice, Alysson Bestene, por não ter se viabilizado como candidato a prefeito teria atestado uma rejeição que levaria para o colo do Tião Bocalom. Também é falso. Na mesma pesquisa do Instituto DATACONTROL, a rejeição em relação ao Alysson é de apenas 5,8%, de longe a MENOR entre os possíveis candidatos na data da entrevista. Que tal? Dá para entender o quadro que se desenha para as próximas eleições?

Em entrevista recente, o pré-candidato lulopetista, um dos dois únicos no Brasil a receber a benção do Lula mesmo “sem pertencer ao PT”, fez questão de declarar e repetir que não tem padrinho político, que seu negócio é com o povo. Marcus resolveu ser um candidato solo. Claro! Com padrinhos puxando para baixo, quem é que vai ficar tomando bênção em público, não é mesmo?

Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro de contos mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail valbcampelo@gmail.com

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