Francisco Wanderley Dantas: Raízes Familiares Nordestinas

Pesquisando sobre a origem da minha família pelo lado materno – descendo do Tenente Coronel da Guarda Nacional Francisco Miguel de Siqueira – chegou às minhas mãos o livro “Padre Carlos Conttart de Afogados da Ingazeira, de autoria do Padre Holandês João Jorge Rietveld.

O meu interesse pelo livro se devia ao fato de que, o que eu sabia sobre a minha ancestralidade pelo lado materno tinha como fonte o Livro de Tombo de Afogados da Ingazeira, registro feito pelo Padre Carlos Cottart, cujo apostolado se deu num período de 15 (quinze) anos, entre 1910 e 1925. 

Eu tinha convicção de que encontraria muitas informações sobre minha família (Siqueira) no livro; o que de fato ocorreu.  Eis o motivo porque adquiri a obra citada.

Além de muitas referências sobre meu tetra avô (Francisco Miguel de Siqueira), obtive no livro, muitas informações sobre a formação histórica da minha região – Vale do Pajéu – no Sertão de Pernambuco, cujo processo civilizatório se deu como atividade da Igreja Católica, especialmente da Ordem dos Capuchinhos.

Pois bem. Uma nota existente no livro me provocou vivo interesse. Transcrevo-a na íntegra: “A capela de São Pedro é a mais antiga do Alto Pajeú. Construída no final do século XVII como uma capelinha de taipa, foi refeita depois com pedra e tijolos, e no final do século XIX foi restaurada. Um dos fundadores de uma grande família da região de Camalaú, São João do Tigre e São Sebastião do Umbuzeiro, município da Paraíba,  de nome Antônio Ferreira da Costa estabeleceu o seu domicílio na povoação de São Pedro, sita a leste da referida comarca de Flores. Depois mudou-se, casado com Anna Thereza de Jesus, em 1822 para a Fazenda Cachoeirinha, situada em Camalaú (FONSECA, 1975, 66)”.

A Capela de São Pedro – me dei conta – tem um valor enorme para a formação histórica da região do Vale do Pajeú. Decidi conhecer o sítio histórico! Pedi que meu primo Esdras Perazzo Valadares se articulasse com os proprietários da fazenda São Pedro para que nos recebesse.

Ontem (06.01.20023), eu e Esdras Perazzo fizemos a visita. Fomos recebidos pelos proprietários da Fazenda São Pedro, onde está localizada a antiga Capela e um velho Cemitério, no qual está sepultado um ilustre personagem da História do Brasil, sobre o qual falo em seguida. Romero Dantas Filho e esposa (Ana Maria) nos receberam com hospitalidade característica da cultura da região.

Romero nos levou à Capela de São Pedro. Está muito bem conservada para ser uma construção do século XVII.  Localiza-se em um belíssimo vale de aparência extremamente fértil. Deve ter sido o motivo da escolha para a construção do templo religioso. Um local inspirador para que quer contemplar e rezar. Toquei o campanário e me fiz fotografar convocando os devotos para o serviço  religioso (sonhei!!!!).  

Ao sair da Capela nos dirigimos ao velho cemitério. E agora a grande surpresa! Tomei conhecimento de que o jornalista e advogado João Duarte Dantas estava sepultado ali na Fazenda São Pedro que estávamos visitando. O nome de João Dantas está profundamente ligado à História do Brasil. No dia 06 de outubro de 1930, na rua Nova em Recife, matou o Presidente da Paraíba, João Pessoa, que havia sido candidato a Vice-Presidente da República na chapa com Getúlio Vargas. Esse trágico fato levou Vargas à Presidência da República, que havia perdido a eleição para Júlio Prestes. O crime provocou uma grande comoção nacional.

Regressamos para o belo casarão em que reside o casal. É também uma bela construção (provavelmente do século XIX), que Romero e Ana Maria nos fizeram conhecer. Cogitam de transformar num hotel fazenda, que está praticamente pronto. Muitos sítios históricos no entorno da sede da fazenda a serem visitados, inclusive um vulcão inativo.  Seria  uma grande contribuição para o turismo na região do Pajéu,  gerando emprego e renda.  

No almoço – um delicioso cardápio tipicamente sertanejo – falamos de outros projetos. Informei a Romero que seu provável parente, saudoso governador Francisco Wanderley Dantas, para desenvolver o Acre nos anos 70 do século passado, atraiu fazendeiros do sul do país, com o lema: “Produzir no Acre, Investir no Acre e exportar pelo Oceano Pacífico”. Dizia ainda o governador Dantas: “O Acre é um Nordeste sem seca e um Sul sem geada”.

Falei que o sonho de Franscisco Wanderley Dantas de desenvolver o Acre poderia ser repaginado. Ao invés de fazendeiros do sul do país, poderíamos atrair fazendeiros do Nordeste Brasileiro. O Acre, colonizado por cearenses, tem uma cultura nordestina, portanto, adequado para receber investidores agora dessa referida região (Nordeste).

Além do mais, os Nordestinos que fazem turismo no Perú (Machu Picchu), ao invés de chegarem ao destino passando por São Paulo, poderiam chegar ao mesmo destino pelo Acre, conhecendo o Peru por via terrestre. Teriam oportunidade de conhecer a Selva (Amazônica), a Serra (Os Andes), e a Costa (Costa do Oceano Pacífico).

No contra fluxo, os turistas estrangeiros que visitam Machu Picchu, poderiam fazer turismo nas praias do Nordeste.

Para tanto, se faz necessário um vôo aéreo direto da capital pernambucana (Recife) para a capital acreana (Rio Branco).

Enfim, tivemos no dia de ontem um sonha acordado dirigido. “Os homens sonham, Deus quer e as coisas acontecem”. O sonho de Francisco Wanderley Dantas, precocemente morto ao 49 anos, renascendo em outros corações.

Nosso agradecimento público ao casal Romero Dantas e Ana Maria!

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