Nesta semana, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu três propriedades rurais da empresa Suzano Papel e Celulose, localizadas nos municípios de Mucuri, Teixeira de Freitas e Caravelas, no sul da Bahia.
Na última semana, um outro movimento social chamado Frente Nacional de Luta Campo e Cidade também invadiu propriedades rurais no interior de São Paulo. A retomada dessas ações, especialmente em áreas produtivas e privadas, coloca o agronegócio em alerta, pois a insegurança jurídica era uma das principais preocupações do setor em caso do retorno do governo da esquerda no Brasil. Vale lembrar que no ano passado, o principal líder do MST, João Pedro Stédile, afirmou em um podcast que previa o retorno de mobilizações de massa caso Lula ganhasse a eleição presidencial. É o que está acontecendo.
Nesta quinta-feira, o governo informou que o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, esteve com representantes da Suzano e também conversou com integrantes do MST. O ministério informou que haverá uma reunião na próxima quarta-feira para incentivar o diálogo entre as partes. Os proprietários das áreas produtivas não querem esperar por diálogo diante da situação criminosa.
Em nota, a Suzano Celulose disse que os atos violam o direito à propriedade privada e estão sujeitos a medidas judiciais para reintegrar a posse das áreas. A empresa é responsável pela criação de 7 mil empregos diretos na Bahia. O Tribunal de Justiça do Estado da Bahia autorizou a reintegração de posse da área situada no município de Mucuri. O descumprimento da ordem judicial implicará em multa diária de R$ 5 mil, além de incorrer em crime de desobediência de ordem judicial.
O MST, nas redes sociais, já disse que neste início de março vai realizar uma jornada prevista para acontecer entre 6 e 8 deste mês e a expectativa é de intensificação do que eles chamam de ocupações de terra.
Agronegócio brasileiro reage
Entidades como a Sociedade Rural Brasileira (SRB), Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e a Associação dos Produtores Rurais de Soja e Milho do Brasil (Aprosoja Brasil) repudiaram as invasões ocorridas. Já o Ministério da Agricultura não se posicionou sobre as recentes invasões e mantém silêncio sobre o tema.
No fim de semana, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participou de um evento do MST. O setor agro está legitimamente preocupado com essa onda de invasão de terras e é preciso que o governo não seja conivente. É necessário que tome providências para inibir as ações criminosas de invasão de propriedades privadas e produtivas no Brasil, sob pena do aumento da insegurança jurídica frear investimentos no Brasil e aumentar o risco de conflitos no campo. É preciso paz para produzir e prosperar.