Conheça os “Reis do Agro” que, juntos, plantam mais de 2,4 milhões de hectares

O agronegócio brasileiro é reconhecido mundialmente por sua eficiência e capacidade de expansão. No coração dessa potência estão os grandes grupos agrícolas, responsáveis por uma parte expressiva da produção nacional. Apenas cinco players — SLC Agrícola, Grupo Bom Futuro, Bom Jesus Agro, Amaggi e Grupo Scheffer — somam 2,42 milhões de hectares cultivados, o equivalente a quase toda a área do Estado de Sergipe, eles foram a lista conhecida como “Reis do Agro”.

Esses gigantes do campo são símbolos da agricultura empresarial brasileira, operando com tecnologia de ponta, alta produtividade e foco em sustentabilidade. As áreas administradas por eles abrigam plantações de soja, milho, algodão e outras culturas estratégicas, além de sistemas de integração lavoura-pecuária e iniciativas de preservação ambiental.

SLC Agrícola, fundada em 1977 e com sede em Porto Alegre (RS), é hoje a maior produtora agrícola do país, com 830 mil hectares cultivados distribuídos em 22 fazendas em sete estados. A empresa, listada na B3, é referência em gestão corporativa e práticas ESG, destinando cerca de 40% de suas áreas à preservação ambiental.

Na sequência, o Grupo Bom Futuro, criado em 1982 por Eraí Maggi Scheffer e seus sócios, detém cerca de 650 mil hectares produtivos. Sediado em Mato Grosso, o grupo atua desde a produção de grãos e sementes até a geração de energia, pecuária e piscicultura, sendo um dos maiores conglomerados do agronegócio da América Latina.

A expansão silenciosa dos médios gigantes

Grupo Bom Jesus Agro, com 365 mil hectares, e a Amaggi, com 362 mil hectares, também fazem parte da elite do agro brasileiro. Ambos os grupos nasceram no Cerrado mato-grossense e expandiram suas operações para diversas regiões, consolidando a verticalização da produção, desde o cultivo até a exportação.

Amaggi, fundada por Blairo Maggi, ex-governador de Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura, é uma das maiores tradings do país, com presença em toda a cadeia produtiva da soja. Além das lavouras, a empresa atua na logística, energia e comercialização internacional, exportando para dezenas de países.

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Foto: SLC Agrícola

Grupo Scheffer, com 220 mil hectares, completa a lista. Conhecido por sua gestão familiar profissionalizada, o grupo mantém forte atuação na agricultura sustentável e na integração com o meio ambiente, apostando em inovação genética, biotecnologia e monitoramento digital das áreas de cultivo.

Expectativas para a safra de grãos 2025/26, segundo a Conab

As primeiras projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que o Brasil deve colher 354,7 milhões de toneladas de grãos na safra 2025/26, crescimento de 0,8% em relação à temporada anterior. A área plantada deve atingir 84,4 milhões de hectares, um aumento de 3,3% frente a 2024/25, reforçando a expansão da fronteira agrícola nacional.

soja continua como carro-chefe da produção, com previsão de 49,1 milhões de hectares semeados e colheita estimada em 177,6 milhões de toneladas — alta de 3,6%. O milho, considerando as três safras, deve alcançar 138,6 milhões de toneladas em 22,7 milhões de hectares, com destaque para o incremento de 6,1% na primeira safra.

Por outro lado, culturas como arroz e feijão devem registrar retração. O arroz pode recuar 5,6% na área e 10% na produção, chegando a 11,5 milhões de toneladas, enquanto o feijão tende à estabilidade, com 3 milhões de toneladas projetadas. No mercado, a Conab projeta alta nas exportações de milho, de 40 para 46,5 milhões de toneladas, impulsionadas pela demanda global e pelo avanço do etanol de milho no Brasil.

Esse cenário reforça o papel estratégico dos grandes grupos agrícolas — os “Reis do Agro” — que, com capacidade de investimento e estrutura tecnológica, devem ser fundamentais para garantir a eficiência produtiva e a estabilidade da oferta de grãos no país, mesmo diante de custos elevados e incertezas climáticas.

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Foto: Bom Futuro

Concentração de terras e eficiência produtiva

Juntos, esses cinco grupos somam 2,42 milhões de hectares, área maior que a da Bélgica ou Israel, e simbolizam a concentração crescente de terras nas mãos de grandes corporações. Esse fenômeno é frequentemente debatido por especialistas, que apontam que a escala dessas empresas permite ganhos de eficiênciamaior acesso a créditouso intensivo de tecnologia e redução de custos logísticos, mas também acende o alerta sobre a concentração fundiária e os desafios de inclusão de pequenos e médios produtores.

Impacto econômico e tecnológico

O impacto econômico desses players é gigantesco. Somados, eles movimentam bilhões de reais por safra, geram milhares de empregos diretos e indiretos e influenciam cadeias de suprimentos em todo o país. Além disso, suas operações impulsionam a adoção de tecnologias agrícolas — como inteligência artificial, agricultura de precisão e biotecnologia — que acabam se difundindo por todo o setor.

Essas empresas também são protagonistas na agenda de sustentabilidade, destinando milhões de hectares à reserva legal e áreas de preservação permanente, além de investirem em energias renováveis e projetos de descarbonização.

Resumo dos “Reis do Agro”

GrupoÁrea cultivada (ha)Sede principalDestaques
SLC Agrícola830 milPorto Alegre (RS)Maior produtora agrícola da América Latina; líder em ESG
Grupo Bom Futuro650 milCuiabá (MT)Atuação em grãos, energia e pecuária
Bom Jesus Agro365 milRondonópolis (MT)Expansão em grãos e sementes
Amaggi362 milCuiabá (MT)Forte presença em logística e exportação
Grupo Scheffer220 milCampo Verde (MT)Gestão familiar e foco em agricultura sustentável

Esses grupos são o retrato da escala, eficiência e inovação que movem o agronegócio brasileiro, responsável por cerca de 25% do PIB nacional e quase metade das exportações do país. Enquanto o pequeno produtor continua sendo a base social do campo, os “Reis do Agro” seguem como os grandes protagonistas da produção em larga escala, moldando o futuro da agricultura nacional.

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