A reabertura dos mercados da Europa e da China às exportações brasileiras de carne de frango deve provocar uma alta nos preços médios praticados pelo setor já no próximo trimestre, avaliou Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, controladora da Seara. As duas regiões, que representam mercados premium para o segmento, haviam imposto restrições temporárias às exportações do Brasil devido ao caso de gripe aviária registrado em uma granja comercial, em maio deste ano.
Com o fim das barreiras — anunciadas nas últimas semanas —, a companhia prevê melhora de margens e redução da pressão sobre mercados secundários, que vinham absorvendo volumes adicionais nos últimos meses. Segundo Tomazoni, a impossibilidade de atender Europa e China obrigou a empresa a redirecionar cortes de maior valor agregado para destinos menos rentáveis. “Agora podemos voltar a exportar para a Europa, o que reduz a pressão sobre outros mercados e melhora as margens”, disse durante teleconferência com investidores nesta sexta-feira, 14.
No caso da China, a retomada é considerada estratégica para a otimização do mix de carcaça, já que o país valoriza partes específicas do frango, que garantem um maior retorno.
Segundo o dirigente da JBS, para o setor como um todo, a normalização das exportações deve ter efeito quase automático sobre os preços médios. “O simples fato de voltarmos a acessar esses mercados eleva o preço médio, mesmo que nós não aumentemos os preços”, afirmou. Ele destaca, porém, que a expansão do volume exportado ao longo de 2025 será limitada, devido ao impacto dos embargos.
No terceiro trimestre deste ano, a Seara registrou o maior volume de embarques de sua história, após redirecionar cargas para driblar as restrições dos chineses e europeus. Com isso, a margem EBITDA — geração de caixa operacional da empresa — foi de 13,7% no período. “A expectativa agora é de normalização gradual do fluxo global”, disse Tomazzoni.
De olho no Natal
No mercado doméstico, a demanda permanece firme, com destaque para a categoria de produtos sazonais do fim de ano. A operação de Natal — que inclui itens como o tradicional Fiesta — deve registrar desempenho robusto, impulsionada pelo apetite do varejo. “Estamos vendo uma grande demanda dos varejistas. Na nossa categoria, não observamos limitação”, disse Tomazoni.
Segundo ele, os produtos festivos e os itens de consumo cotidiano da Seara apresentam bom giro nas prateleiras, sustentando volumes consistentes.



