O mercado da soja viveu um dia de volatilidade depois do encontro entre os presidentes dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, e da China, Xi Jinping. Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam nesta quinta-feira, 30, em forte alta com a expectativa de que a China volte a comprar grandes volumes do grão norte-americano.
Em contrapartida, no Brasil, o mercado reagiu com a queda nos prêmios nos portos para embarques em 2026. Em Paranaguá, por exemplo, o prêmio para maio/2026 chegou a ser cotado a US$ 0,60/bushel em meados de outubro e, hoje, recuou para US$ 0,25/bushel.
Apesar deste momento de euforia, o mercado ainda está cauteloso com as informações divulgadas pelos Estados Unidos de que a China deverá comprar 12 milhões de toneladas do grão ainda neste ano e 25 milhões por ano pelos próximos três anos. Trump chegou a recomendar em sua rede Truth Social que os agricultores norte-americanos “comprem mais terras e tratores maiores”. Contudo, a China oficialmente não confirmou as informações.
Segundo o consultor Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, mesmo que esses volumes se confirmem, o impacto prático será limitado. “O acordo comercial anunciado pelo presidente Trump com a China foi apresentado como uma grande vitória para os produtores de soja norte-americanos. No entanto, o volume prometido é praticamente igual ao que a China já comprava antes do início da guerra comercial. Não é um avanço significativo”, informou ao Agro Estadão.
Cogo ainda ressalta que o novo acordo é diferente do firmado entre os dois países na chamada “Fase Um” de 2020, quando a China se comprometeu a comprar US$ 32 bilhões em produtos agrícolas – meta que nunca foi atingida. Isso porque, desta vez, o compromisso foi fechado em toneladas, não em valores, reduzindo a pressão sobre a China em caso de queda dos preços da soja.
Para o Brasil, segundo o analista, os efeitos também devem ser limitados. “Se os números se confirmarem, podemos perder fatias extras ganhas ao longo de 2025”. O entendimento de que a estratégia chinesa de reduzir a dependência das exportações americanas não deve mudar.
“A China tem investido fortemente no desenvolvimento da produção de soja na América do Sul, especialmente no Brasil, para diversificar fornecedores e fortalecer sua segurança alimentar. O Brasil pode até perder uma fatia do que ganhou, mas a base de 65% a 70% dos embarques totais de soja em grãos destinados à China não deverá ser alterada”, finaliza.






