Há problemas que se repetem ano após ano e que, de tão escancarados, deveriam estar resolvidos há muito tempo. Os alagamentos que castigam Rio Branco são um exemplo clássico desse descaso. No entanto, em meio à burocracia e ao jogo de empurra entre governo e prefeitura, alguém decidiu colocar o dedo na ferida: o deputado estadual Afonso Fernandes (Solidariedade).
Nesta segunda-feira (31), por iniciativa do parlamentar, a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) promoveu uma audiência pública para tratar do problema. E por que isso é importante? Simples: porque, sem pressão política, o assunto continuará sendo tratado com a indiferença habitual. Afonso trouxe para o debate Ministério Público, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e gestores do governo e prefeitura, colocando frente a frente os responsáveis pela mitigação da tragédia e os cidadãos que sofrem com ela.
“Não dá mais para fingir que isso não acontece”, disse Afonso. “Precisamos discutir esse problema com seriedade, ouvir técnicos e moradores e buscar soluções concretas.” Um raciocínio básico, mas que poucos no poder público parecem dispostos a adotar.
Os dados não mentem. O secretário de Meio Ambiente do Acre, Leonardo das Neves, confirmou que nos últimos quatro anos o Rio Acre transbordou sucessivamente – mas, curiosamente, a cada novo alagamento, as autoridades parecem surpresas, como se fosse um evento inédito. “Saímos de um extremo para o outro: enchentes severas seguidas por secas intensas. Não há planejamento eficaz sem considerar esse cenário”, afirmou.
O comandante do Corpo de Bombeiros, Roger Freitas, foi ainda mais direto: “Esse problema atinge a todos. Quando um mercadinho de bairro é inundado, o prejuízo é irreparável. Não há ação pública que compense totalmente essa perda.” Ou seja, enquanto o poder público ensaia medidas emergenciais a cada nova enchente, pequenos comerciantes, trabalhadores e famílias inteiras ficam à mercê da água e da própria sorte.
Afonso fez sua parte: trouxe o tema para o centro do debate e deixou claro que a falta de ação não pode continuar sendo a resposta. Agora, resta saber se governo e prefeitura farão o mínimo esperado: criar um plano preventivo real, integrado e eficiente, ou se continuarão apostando na velha estratégia de remediar o caos depois que ele já aconteceu.
Se o Acre deseja desenvolvimento de verdade, é preciso valorizar políticos que fazem perguntas incômodas e cobram soluções reais. Nesse sentido, Afonso está de parabéns por ter colocado essa pauta na mesa – e, se a classe política tiver um mínimo de compromisso com os cidadãos, deveria seguir seu exemplo.