Apesar da influência do El Niño no clima para a safra 2023/24, a expectativa era muito boa com a produção de soja para o atual ciclo. O otimismo no início do plantio, em setembro, indicava que o país poderia colher 162 milhões de toneladas, segundo a primeira estimativa para a atual temporada, elaborada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O número deixaria para trás a colheita recorde do ciclo 2022/23, que superou as 154,6 milhões de toneladas.
Alguns analistas cogitavam a possibilidade de uma safra acima até das 170 milhões de toneladas para a nova temporada, em um cenário de clima ideal. Mas a realidade foi completamente diferente disso.
Chuvas irregulares e temperaturas acima da média no centro e Norte do país a partir de setembro do ano passado foram minando a capacidade de produção das lavouras. Agora, a chance de um recorde está cada vez mais distante.
“Será muito difícil para o Brasil alcançar o número de colheita da safra passada. O Paraná que até então vinha com condições de clima muito boas, agora sofre com calor extremo. Se não chover agora, o Estado pode perder de 2 milhões a 3 milhões de toneladas que dificilmente serão compensadas por outros Estados, já que Mato Grosso também terá quebra”, disse Vlamir Brandalizze, consultor de mercado.
Daniele Siqueira, analista da AgRural, acrescenta que novos cortes na produção devem acontecer em Mato Grosso, maior produtor nacional de soja.
“É possível que fiquemos abaixo disso [das 154 milhões de toneladas] na nova safra, sim. Vai depender muito de como o clima vai se comportar em janeiro e fevereiro, quando se define a safra dos Estados de calendário mais tardio”, destacou a analista.