Conflitos no Oriente Médio e boicotes europeus preocupam setor agropecuário, diz CNA

A CNA discutiu os recentes acontecimentos do cenário internacional que podem trazer impactos ao setor agropecuário, durante reunião do Núcleo de Relações Internacionais entre CNA e Federações de Agricultura e Pecuária, na quinta (26).

O vice-presidente de Relações Internacionais da Confederação, Gedeão Pereira, afirmou que a reunião foi oportuna devido, principalmente, às questões tarifárias e os conflitos entre Irã x Israel e Rússia x Ucrânia, que trazem impactos diretos à produção agropecuária brasileira.

Pereira reforçou que a CNA procura trabalhar para ter uma previsibilidade sobre os próximos passos dos conflitos visando à defesa dos interesses do setor no mercado internacional.

“O Brasil é uma potência agrícola mundial e o mundo hoje nos olha de uma maneira diferente, por isso precisamos manter nosso trabalho para defender o setor.”

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Em relação aos conflitos no Oriente Médio, a head do escritório da InvestSP, Ana Beatriz Fernandes, e a representante do Escritório da CNA em Dubai, Ana Fruci, apresentaram o cenário atual da guerra e as implicações para o agro brasileiro, sobretudo no acesso a insumos.

 Ana Beatriz disse que ainda há incertezas sobre o que vai acontecer após a declaração de cessar-fogo entre Irã e Israel porque há outros conflitos na região, como o da Palestina, que pode respingar em outros países.

 Apesar do cessar-fogo, algumas ações dos países, principalmente do Irã, poderiam contribuir para a retomada do conflito, explica Ana Fruci, como o possível bloqueio do Estreito de Ormuz, uma das rotas marítimas mais importantes do mundo.

“Acreditamos que não haverá o fechamento, ainda que parcial”, afirma. “Trump recentemente visitou alguns países do Golfo Pérsico, o que aproximou os Estados Unidos da região. Ou seja, estão trabalhando para resolver o conflito devido a diversos interesses.”

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Ana Fruci acrescenta que mesmo com o fim do conflito, o Brasil pode sofrer com a falta de ureia e demais fertilizantes, favorecendo a alta nos custos de produção, além dos produtores sofrerem pressão sobre as margens de produtos como grãos e proteínas e com o aumento dos fretes internacionais e do seguro marítimo.

Missão União Europeia – A diretora de Relações Internacionais, Sueme Mori, falou sobre a missão da CNA, em maio, onde protocolou, na Comissão Europeia, uma petição contra quatro redes varejistas que fizeram falsas acusações quanto a qualidade da carne brasileira.

“Pedimos a retirada do boicote, a retratação e uma multa em cima do faturamento dessas redes. A CNA quer mostrar aos países europeus que defende o agro lá fora usando as regras e a legislação europeia”, disse.

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A missão também visitou a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) em Paris, para certificação do reconhecimento do Brasil livre de febre aftosa sem vacinação.

Em relação ao tema, o assessor técnico de Bovinocultura de Corte, Rafael Filho, falou sobre o processo até a certificação, ganhos para a pecuária nacional e os próximos passos. 

“O reconhecimento internacional reforça o compromisso do Brasil com a sanidade de seus rebanhos e a qualidade dos seus produtos agropecuários.”

Filho lembrou que esse reconhecimento traz ganhos para a cadeia produtiva como a redução nos custos de produção da atividade e o acesso a mercados como Japão e Coreia do Sul que são dois dos principais países importadores de carne bovina do mundo.

“É esperado que no segundo semestre tenhamos a habilitação das plantas para atender o mercado japonês, por exemplo.”

Sobre os desafios, o técnico frisou que com a retirada da vacina, o país entra em um estado de vigilância constante para manutenção do status livre da doença.

“Nesse contexto, os produtores desempenham um papel fundamental na execução de medidas de controle sanitário dentro da porteira.”

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