Fim da farra: projeto quer tirar o palco dos bandidos nas audiências de custódia

Em Brasília, onde as leis costumam ser feitas para parecerem mais importantes do que são, há momentos raros em que surge algo com cheiro de realidade. O senador Marcio Bittar, do União Progressistas, resolveu tocar num vespeiro sagrado do sistema jurídico brasileiro: a famigerada audiência de custódia. Sim, esse circo que se arma toda vez que um criminoso é preso e, em poucas horas, reaparece nas ruas pela porta da frente. É um ritual no qual o meliante vira vítima, o policial vira réu e a justiça… essa some do recinto.

No meio policial, a audiência de custódia é vista como um espetáculo de desmoralização institucional. Um policial prende, muitas vezes com risco de vida, e no dia seguinte o juiz solta. Alegam “direitos humanos”, “fragilidade da prisão” ou “ressocialização”. No fundo, trata-se de um sistema moldado por intelectuais de gabinete e ONGs de terno e gravata que jamais apertaram a mão de uma viúva de PM.

Apresentado pelo deputado Coronel Ulysses, o projeto endurece as regras do jogo. Criminoso reincidente não sai pela janela depois de ser pego. E mais: o policial que prendeu o sujeito estará presente na audiência, com direito de falar. Pode parecer óbvio, mas neste país, garantir a palavra ao agente da lei ainda é tratado como inovação.

A proposta também prevê que, em municípios com pouco efetivo ou risco operacional, a audiência poderá ser feita por videoconferência. Menos teatro, mais funcionalidade.

É o mínimo de seriedade que se espera de um Estado que se diz comprometido com a ordem pública. Bittar disse o óbvio que ninguém ousava dizer em voz alta. A lei precisa ser dura com quem despreza a lei. Não se trata de vingança. Trata-se de justiça. Trata-se de devolver ao cidadão comum, aquele que paga a conta de tudo isso, a sensação de que o Brasil ainda tem jeito.

Otto Alencar reconheceu a urgência. Não dá para continuar prendendo o mesmo bandido toda semana. Ao elogiar a iniciativa, prometeu prioridade ao projeto. É um bom começo.

A verdade é que a audiência de custódia se tornou símbolo de um sistema que prefere proteger o criminoso a proteger a sociedade. Esse projeto, se aprovado, pode devolver alguma racionalidade à justiça brasileira. Não é revolução. É apenas um pouco de bom senso, algo que já parece subversivo demais em Brasília.

Como diria o saudoso professor Olavo de Carvalho, uma sociedade que transforma bandidos em vítimas está doente. Talvez estejamos, finalmente, procurando o remédio certo.

Tópicos:

Nossa responsabilidade é muito grande! Cabe-nos concretizar os objetivos para os quais foi criado o jornal Diário do acre