O Partido dos Trabalhadores no Acre parece estar vivendo aquele raro momento em que a ficha começa a cair. Não por iluminação ideológica, mas por falta de alternativa. Depois de seguidas derrotas eleitorais e com uma presença cada vez mais tímida na política, salva apenas por um vereador na capital e uns cargos federais por obra de Lula, alguém resolveu acender a luz.
Esse alguém é Cesário Braga, presidente licenciado do partido no estado, que publicou um artigo no qual admite, com todas as letras, o que há anos a realidade esfrega na cara da esquerda: transformamos antigos aliados em adversários.
Foi preciso perder tudo para começarem a admitir o óbvio. O PT tratou o agronegócio como inimigo, ridicularizou produtores, demonizou quem sustenta a economia real do Acre, e agora tenta ensaiar um “ops, talvez a gente tenha exagerado”. É autocrítica? Talvez. Mas soa mais como estratégia de sobrevivência do que arrependimento genuíno.
A verdade é que a ideologia cria bolhas. E dentro dessas bolhas a militância se acostumou a só ouvir o eco das próprias certezas. Quando o povo parou de aplaudir, não entenderam nada. Acusaram fake news, golpismo, “ódio”. Agora, quando a realidade cobra, tentam se reconectar com quem passaram anos hostilizando.
O agronegócio, que eles chamavam de latifúndio opressor, agora virou “setor encantador”. Bonito, né? O PT está tentando voltar a entregar alguma coisa, porque foi descartado.
O povo não tem tempo pra ideologia que atrasa a vida. Quer estrada, escola, produção e respeito. E quando até os sacerdotes do progressismo começam a sentir isso na pele, talvez, só talvez, estejamos vendo um partido tentando voltar à realidade.
Se vai conseguir? Duvidoso. Mas que reconhecer o erro já é uma pequena vitória do mundo real contra a fantasia política, isso é.