Volta e meia detratores da filosofia liberal costumam argumentar que o liberalismo não tem uma base ética, das mais diferentes maneiras. Uns dizem que o liberalismo funciona como uma desculpa para permitir que os poderosos tenham poder sobre uma classe explorada, que o individualismo liberal serve para os mais fortes imporem suas vontades sobre os mais fracos, ou que esse mesmo individualismo é anti-social fazendo com que os laços da solidariedade sejam rompidos ou não se formem.

ue os laços da solidariedade sejam rompidos ou não se formem. Contudo, se partirmos de uma posição intelectualmente honesta não há como dizer que o liberalismo não possui base ética, você pode até discordar da ética liberal, mas ela existe, é robusta e inspirou muito do que a gente considera correto na contemporaneidade.

O liberalismo parte da ideia de que os seres humanos possuem direitos individuais universais e inalienáveis, essa ideia é o cerne da filosofia liberal. Essa ideia foi o que levou Jonh Locke a escrever os seus Dois Tratados Sobre o Governo, a certidão de nascimento do liberalismo, a partir dessa obra a limitação do governo, os direitos civis e a liberdade religiosa se tornaram um prisma para toda a filosofia da liberdade. Essas mesmas idéias inspiraram a Revolução Americana, a Revolução Francesa, as indepedências da América Latina, além de uma série de reforma nos países europeus.

Todas essas mudanças trouxeram mais liberdade para as pessoas, muitas minorias deixaram de ser perseguidas, mais parcelas da população o governo agora deveria prestar conta aos seus cidadãos e não o contrário. A ideia de que o indivíduo é soberano sobre si mesmo é uma ideia profundamente liberal, e que muitos detratores do liberalismo defendem sem perceber.

Para finalizar, cabe citar a maior expressão da ética do liberalismo na atualidade: os direitos humanos. Os direitos humanos são uma criação liberal, até uns séculos atrás a ideia de que indivíduos possuíam direitos pela sua simples condição de ser humano era algo totalmente novo e ia contra tudo que a humanidade já tinha visto, até que os pensadores radicais do chamado liberalismo clássico trouxeram essa revolução no campo das ideais, hoje podemos ver essa expressão no artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.

Yzaahu Paiva dos Santos Silva, estudante de Direito na Universidade Federal do Acre e Membro Diretor da UJL.